Requalificação da Praça do Martim Moniz, Lisboa

O concurso público de concepção para a requalificação da Praça do Martim Moniz engloba uma área de intervenção de 35.500 m2 integrando a Praça do Martim Moniz e as ruas que com ela confluem e confinam. Numa perspectiva da cidade alargada, a proposta de requalificação para este espaço será, também, fundamental para uma estratégia de continuidade ecológica, pedonal e ciclável.

A requalificação da Praça do Martim Moniz constitui uma oportunidade de transformação e inovação urbana. Partindo do entendimento dos problemas persistentes que condicionam o acesso e usufruto da Praça e sobretudo daquilo que o debate cívico revelou sobre o futuro da praça, a solução proposta assenta na expansão do espaço pedonal e na definição de uma nova centralidade inclusiva, saudável, resiliente, segura, acessível e multifuncional. Promove-se a (re)funcionalização de toda a área de intervenção a partir de um Jardim, aberto à cidade e a todos, que prioriza a experiência do caminhar e contemplar. A forma final resulta da sobreposição desta mancha verde com a continuidade da malha urbana no sentido Norte-Sul, reforçando a ideia de lugar representado pelo papel do espaço público como elemento integrador da centralidade que caracteriza a praça do Martim Moniz.

A geratriz da proposta parte da vontade de reforçar ligações à escala local, aproximando as duas colinas com uma forte conexão pedonal no sentido transversal à praça, e contextualizar esse gesto a uma escala mais alargada conciliando-o com o eixo estruturante da Avª Almirante Reis, no âmbito da rede ecológica e ciclável da cidade. Pretende-se também acautelar um futuro livre de circulação viária e promover a integração da praça na estratégia de libertar a Baixa do tráfego viário, com uma aposta nos modos suaves de circulação e num serviço de transportes públicos eficiente.

Pretende-se criar uma estratégia de continuidade com a rede ecológica da cidade, valorizando os serviços de ecossistema, a promoção de biodiversidade e a articulação entre áreas verdes, envolvente construída e espaços de coexistência (circulação viária e pedonal). A qualidade e circulação do ar, o controlo de temperatura à superfície e a atenuação de ruído são os principais benefícios ambientais resultantes.

Para além da melhoria da acessibilidade e da conectividade com a envolvente próxima, o sentido de comunidade resulta também da conjugação entre os usos e actividades complementares com a imagem e estética do conjunto que se apresenta com um novo sentido de unidade e continuidade. Essa atractividade resulta da diversidade programática que promoverá diferentes dinâmicas sócio-urbanas, uma maior diversidade de formas de utilização e apropriação desses espaços e interação entre grupos e indivíduos de todas as gerações e culturas.